carla gonçalves
Carla Gonçalves. 37 anos. Artista plástica, formada em pintura, pela Faculdade de Belas de Lisboa. Professora de Artes Plásticas e artista freelancer nas áreas do desenho e da pintura. Vive em Braga.
Gostaria de saber qual é a tua opinião acerca dos hábitos de leitura nos jovens da atualidade. Será que leem o suficiente, ou, pelo contrário, os hábitos ficarão aquém daquilo que seria o expectável?
Eu, como professora de artes plásticas, acho que realmente os jovens e as crianças não têm hábitos de leitura. Eu sinto isso, porque quando realizamos trabalhos de desenho criativo a partir de textos - de leitura de textos - noto que há ali um défice em termos de interpretação, compreensão. E sinto também, por exemplo, quando temos que trabalhar com base em vários referentes, que os jovens vão buscar normalmente referências que têm mais a ver com a imagem, o cinema, (cinema de animação, no caso das crianças mais pequenas) do que mais propriamente. à literatura. Há efetivamente um défice significativo no que toca à compreensão e interpretação de enunciados escritos que está diretamente relacionado com a falta de leitura nos jovens.
Na tua opinião, que poder terão as Artes Plásticas na inversão desta tendência? Poderão as Artes Plásticas combater este problema nos jovens?
O estímulo à leitura, por parte das Artes plásticas, pode ser muito grande. Muito maior do que à partida pode parecer. É um trabalho um bocadinho invisível. De facto, os artistas plásticos, os grandes artistas, sempre desenvolveram a sua obra através de influências da literatura, do cinema também, e de outras áreas… A literatura sempre teve um papel muito importante. E nesse sentido, tendo em conta que as artes plásticas são uma excelente ferramenta para o desenvolvimento da criatividade, um dos grandes exercícios de estímulo da imaginação, penso que poderia ser um ponto de partida ou de chegada para o incentivo à leitura, funcionando como um motor da criatividade, como já disse, ligado ao trabalho de leitura e interpretação de textos isolados ou até de obras literárias. Nesse sentido, a ilustração pode ter um papel fundamental. A ilustração que nós conhecemos está quase sempre direta ou indiretamente relacionada com textos e com livros. Nesse sentido, esta é uma área muito importante para também estabelecer uma ligação entre o desenho, as artes plásticas e a literatura. Sendo, acima de tudo, um “exercício”, digamos assim, para tentar estimular a leitura, não só nas crianças, como também nos jovens e até nos adultos.
Conheces outras áreas artísticas que podem concorrer também elas, ao mesmo nível que a ilustração, para o estímulo à leitura?
Mais do que a ilustração, que é, como já disse, um ponto de ligação entre literatura, leitura e desenho, temos também as restantes artes plásticas: a pintura, a escultura, a fotografia, que acabam por ter sempre como referente, muitas vezes, obras literárias, textos narrativos, descritivos, poéticos, da área da dramaturgia, pensamentos filosóficos, etc O artista pega nessas referências literárias e acaba por transformá-las numa obra visual. O texto estimula as imagens cerebrais que nós a seguir projetamos, juntamente com a nossa interpretação, numa obra de arte visual. E é aqui que entram as artes plásticas e a sua importante contribuição no estímulo para a leitura. Assim sendo, será muito importante criar-se uma ponte entre a literatura e as artes plásticas, através do desenvolvimento da criatividade, usando como base, textos dos vários géneros literários.
Podes dar um exemplo mais ilustrativo do que acabaste de referir? Algo que tenha a ver diretamente com o teu trabalho, enquanto artista plástica ou professora de Artes?
Um ecelente exemplo desta construção de pontes é o trabalho que eu tenho vindo a desenvolver com vários contadores de histórias. Nas sessões, o contador narra uma ou várias histórias a um grupo de crianças ou jovens, trabalhando assim, nessa primeira fase, o imaginário desses mesmos crianças ou jovens, que a seguir à narração, terão de desenvolver um trabalho de ilustração. Poder-se-á perguntar “Que espaço ocupa aqui a leitura ou o livro?”. O que eu tenho verificado, nas várias sessões, e com os mais diversos contadores, é que, de forma indireta e até por vezes muito subtil, quando a sessão é feita sem a presença do livro objeto, é que o contador consegue semear o estímulo para a leitura. A maior parte das vezes desperta-se a curiosidade, o querer saber mais sobre aquela história e sobre outras histórias já ouvidas. O querer pegar nos livros que contêm essas histórias e folhear, ficar a conhecer, porque a criança ou o jovem percebe que as histórias ouvidas se encontram nos livros. Quando a sessão se desenrola com o apoio do livro, que pode ser um álbum ilustrado ou outra tipologia de livro, o que se verifica é que logo a seguir a criança ou o jovem deseja ele próprio explorar o texto e as imagens desse suporte. Resumindo, este pode, por isso, ser um bom ponto de partida para querer começar a ler. Penso que este incentivo funciona muito bem nas crianças de tenra idade, mas pode também funcionar nos adolescentes, embora estes estejam sujeitos a outras condicionantes.
Gostaria de saber qual é a tua opinião acerca dos hábitos de leitura nos jovens da atualidade. Será que leem o suficiente, ou, pelo contrário, os hábitos ficarão aquém daquilo que seria o expectável?
Eu, como professora de artes plásticas, acho que realmente os jovens e as crianças não têm hábitos de leitura. Eu sinto isso, porque quando realizamos trabalhos de desenho criativo a partir de textos - de leitura de textos - noto que há ali um défice em termos de interpretação, compreensão. E sinto também, por exemplo, quando temos que trabalhar com base em vários referentes, que os jovens vão buscar normalmente referências que têm mais a ver com a imagem, o cinema, (cinema de animação, no caso das crianças mais pequenas) do que mais propriamente. à literatura. Há efetivamente um défice significativo no que toca à compreensão e interpretação de enunciados escritos que está diretamente relacionado com a falta de leitura nos jovens.
Na tua opinião, que poder terão as Artes Plásticas na inversão desta tendência? Poderão as Artes Plásticas combater este problema nos jovens?
O estímulo à leitura, por parte das Artes plásticas, pode ser muito grande. Muito maior do que à partida pode parecer. É um trabalho um bocadinho invisível. De facto, os artistas plásticos, os grandes artistas, sempre desenvolveram a sua obra através de influências da literatura, do cinema também, e de outras áreas… A literatura sempre teve um papel muito importante. E nesse sentido, tendo em conta que as artes plásticas são uma excelente ferramenta para o desenvolvimento da criatividade, um dos grandes exercícios de estímulo da imaginação, penso que poderia ser um ponto de partida ou de chegada para o incentivo à leitura, funcionando como um motor da criatividade, como já disse, ligado ao trabalho de leitura e interpretação de textos isolados ou até de obras literárias. Nesse sentido, a ilustração pode ter um papel fundamental. A ilustração que nós conhecemos está quase sempre direta ou indiretamente relacionada com textos e com livros. Nesse sentido, esta é uma área muito importante para também estabelecer uma ligação entre o desenho, as artes plásticas e a literatura. Sendo, acima de tudo, um “exercício”, digamos assim, para tentar estimular a leitura, não só nas crianças, como também nos jovens e até nos adultos.
Conheces outras áreas artísticas que podem concorrer também elas, ao mesmo nível que a ilustração, para o estímulo à leitura?
Mais do que a ilustração, que é, como já disse, um ponto de ligação entre literatura, leitura e desenho, temos também as restantes artes plásticas: a pintura, a escultura, a fotografia, que acabam por ter sempre como referente, muitas vezes, obras literárias, textos narrativos, descritivos, poéticos, da área da dramaturgia, pensamentos filosóficos, etc O artista pega nessas referências literárias e acaba por transformá-las numa obra visual. O texto estimula as imagens cerebrais que nós a seguir projetamos, juntamente com a nossa interpretação, numa obra de arte visual. E é aqui que entram as artes plásticas e a sua importante contribuição no estímulo para a leitura. Assim sendo, será muito importante criar-se uma ponte entre a literatura e as artes plásticas, através do desenvolvimento da criatividade, usando como base, textos dos vários géneros literários.
Podes dar um exemplo mais ilustrativo do que acabaste de referir? Algo que tenha a ver diretamente com o teu trabalho, enquanto artista plástica ou professora de Artes?
Um ecelente exemplo desta construção de pontes é o trabalho que eu tenho vindo a desenvolver com vários contadores de histórias. Nas sessões, o contador narra uma ou várias histórias a um grupo de crianças ou jovens, trabalhando assim, nessa primeira fase, o imaginário desses mesmos crianças ou jovens, que a seguir à narração, terão de desenvolver um trabalho de ilustração. Poder-se-á perguntar “Que espaço ocupa aqui a leitura ou o livro?”. O que eu tenho verificado, nas várias sessões, e com os mais diversos contadores, é que, de forma indireta e até por vezes muito subtil, quando a sessão é feita sem a presença do livro objeto, é que o contador consegue semear o estímulo para a leitura. A maior parte das vezes desperta-se a curiosidade, o querer saber mais sobre aquela história e sobre outras histórias já ouvidas. O querer pegar nos livros que contêm essas histórias e folhear, ficar a conhecer, porque a criança ou o jovem percebe que as histórias ouvidas se encontram nos livros. Quando a sessão se desenrola com o apoio do livro, que pode ser um álbum ilustrado ou outra tipologia de livro, o que se verifica é que logo a seguir a criança ou o jovem deseja ele próprio explorar o texto e as imagens desse suporte. Resumindo, este pode, por isso, ser um bom ponto de partida para querer começar a ler. Penso que este incentivo funciona muito bem nas crianças de tenra idade, mas pode também funcionar nos adolescentes, embora estes estejam sujeitos a outras condicionantes.